Carl Sagan vive...
...e de repente ele morreu.
NOTA: baseado nas EQM que já li por aí.
Aqui podemos pensar no mínimo em duas possibilidades, todas consequencias da morte dele:
1-nada aconteceu e a vela da ciência se apagou ali para ele. Ponto final.
2-Ele reabriu os olhos e viu que ainda tinha consciencia. E uma das muitas coisas que poderia acontecer, aconteceu apenas uma: ele começou pensar.
Talvez um de seus pensamentos mortos deveria ser:
--Como assim estou vivo? Eu estava numa cama de hospital e agora estou aqui nesse lugar... e vivo!?
Talvez logo em seguida deva ter buscado resposta no seu vasto conhecimento cienifico acumulado em anos e fez um teste simples: se tocou!
Viu que não tinha mais seu corpo e que estava há alguns poucos metros do chão.
Ainda "de pé", formulou mais um teste: voou!
--Como assim voei? Se estou me vendo há alguns metros do chão e não vejo minhas pernas, só posso estar voando ou no máximo estou de cabeça pra baixo preso por uma corda e esta presa em um guindaste! Logo, se eu olhar na direção inversa do chão e pros lados, vou constatar que o guindaste existe e que eu também existo.
Ele olhou na direção inversa do que se podia chamar chão e constatou que não se via corda ou corrente que o segurasse. Olhou para os lados, não viu o guindaste. E pensou:
--Já que não existe nenhum guindaste ou corda me prendendo, só posso estar delirando!
Como último esforço para buscar um pingo mínimo de realidade, porque estava duvidando de si mesmo e estava também pensando, ele começou formular ali mesmo onde estava o terceiro teste: o teste para saber se não estava delirando. O teste absoluto para saber se aquilo não era fantasia de seu cérebro.
Continuou parado planejando:
--Se isso é um delirio, então, eu posso recriar esta realidade com algum estímulo sonoro, tátil, ótico, gustativo, ou cheiroso.
--vou começar pelo tátil, como estou pensando, posso presumir que tenho cérebro ainda. Então se eu me tocar, vou conseguir sentir minha pele.
Tentou se tocar mas não tinha mãos.
--Estranho, Não sinto meus dedos, não sei se estou segurando algo.
Continuou tentando o sentido da visão:
--se eu posso ver o chão logo eu devo ter olhos. Por isso, vou tentar olhar o mais distante que eu puder...
E ele então começou a ver seu corpo lá onde se lembrava onde estava. Gente a seu redor falando, ele podia os ouvir, podia vê-los chorando. Ele podia vê e sentir o que eles queriam dizer antes mesmo que abrissem suas bocas para dizer alguma palavra.
De repente veio um desejo forte de estar mais uma vez entre eles. Foi ai que lhe apareceu alguém que ele tinha conhecido antes e que era muito querido mas que ele sabia que não estava mais vivo. Espantado com tamanha aparição, duvidou do que estava vendo, pois, como cético, dúvidava até de si mesmo. Começou a conversar com o que lhe parecia ser delírio:
--impossível! Dizia ele para aquela imagem daquela pessoa. Sólida como o chão que ele supostamente pensava estar pisando.
Sem dizer-lhe uma palavra, a pessoa que antes ele há tinha como muito importante em sua vida, falou algumas palavras sem mexer a boca, ou mesmo seu maxilar. Foi ai que ele notou que ela estava falando dentro dos seus pensamentos, diretamente na sua mente:
--Como pode isso? -- Retrucou com um novo pensamento.
Ainda parado e duvidando do que se via, ele tentou formular mais uma hipótese para eliminar que estava delirando.
Pensou:
--Se eu ainda tenho cérebro, devo ter uma cabeça que o guarda.
Tentou tocar sua cabeça, mas foi em vão porque não tinha mãos, nem cabeça.
--Se eu posso pensar devo estar ainda delirando.
Falou como se delírio fosse ordenados. Mas, sabia por sua experiência científica que delírios pioram com os estímulos externos, chegando ao ponto do caos puro.
--Como posso estar pensando ordenadamente e criando esta realiadde, se estou delirando?
Ainda sem acreditar no que via, ouvia, não sentia, não cheirava e não tinha gosto de nada. Tentou, como última opção, se entregar aos delírios mais reais que já tinha visto na sua frente. Era tão tentador a presença da pessoa querida ali na sua frente, que lhe parecia uma garrafa de água gelada no meio deserto escaldante, algo com o que ele nunca tinha notado, algo que antes ele dizia ser surreal, improvável.
E naquele instante, parecia tão tentador cair no conto do delírio que ele começou a pensar, como fazia antes do momento onde estava lá na cama de hospital deitado e prestes a morrer:
--O que sou eu? Onde estou? Para onde vou?
E assim, sem saber se de fato era apenas um sonho, ele continuou ali ao lado do que ele estava pasmo de ver que era tão real quanto ele próprio ou seus pensamentos e corpo evaporado. Talvez, nesse momento, estas palavras sejam limitadas a ponto de não saber o que aconteceu logo em seguida com ele, mas, será que ele continuou insistindo na tese do delírio? Será que, aqueles anos antes enquanto vivo, continuou firme e forte na afirmação ou mesmo genial dúvida? Será que a segunda opção é a mais provável? E o que faz a opção 1 ser única? Será que...
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